Inquieto com a situação, Tadashi decidiu analisar as janelas para descobrir de onde viera aqueles cacos e, caso conseguisse, procurar mais informações caso fosse possível.

Na verdade, foi deveras fácil localizar. Havia apenas uma janela com resquícios de vidro azulado; todas as outras ou eram amareladas pela sujeira ou simplesmente incolores.

Conseguindo olhar para dentro, Tadashi viu simples quarto completamente feito de madeira e totalmente arrebentado por dentro. Usando Teleport pousara no cômodo.

"Tem alguém aí?" perguntou. Não houve nem vento para lhe responder, apenas o silêncio sepulcral.

Podendo olhar agora atentamente o local, havia apenas uma cama quebrada sobre o chão totalmente furado, essa num ângulo torto que parecia ter sido arrastada e deixada naquela posição de propósito. O que havia embaixo dela não podia ser visto pela escuridão do local.

No extremo oposto da janela havia uma porta com a maçaneta torta, porém intacta. Não parecia trancada.

[Status atuais: HP 135, MP 140]

Tomado pela curiosidade, Tadashi moveu a cama para poder ver se havia algo embaixo dela.

Retirado o móvel, pode notar que havia um grosso pedaço de tapete preto no chão, por cima de algo irregular. As bordas do objeto tampado eram retangulares, visíveis através do contorno do tapete, e provavelmente poderiam ser molduras, livros, espelhos...

A tese dos espelhos seria mais correta dado que o tapete não cobria todos os itens embaixo da cama. Havia pelo menos uns sete espelhos quebrados, as molduras desses empilhadas umas em cima das outras, milhares de cacos de vidro de inúmeros tamanhos acumulando pó e espalhados por cima do chão de madeira.

O mais desconcertante eram os últimos itens ali: uma pilha de pelo menos umas vinte páginas de pergaminho amassadas, as letras do primeiro papel escritas em tinta preta garrafais que diziam: ELA PASSA ATRAVÉS DELES

E passos puderam ser ouvidos fora do quarto. Os sons aproximaram-se e subitamente pararam.

- Tem alguém aí? - um homem perguntou de fora do cômodo.

Tendo de frente a figura de Tadashi, o homem apenas piscou lerdamente. Nenhuma emoção transpassou seu rosto. Porém, ao ouvir as palavras "Sim, sou da Fairy Tail e estou em missão...", o mesmo homem arregalou imediatamente os olhos e pareceu muito, mas muito aliviado. Nem ouviu o resto da frase.

Ficou tão contente ao ponto de lacrimejar, as pernas bambeando visivelmente.

- ... Graças a Deus! - o homem de meia idade, com cabelos curtos e castanhos chocolate do mesmo tom de seus olhos exclamou - Finalmente! Mais um pouco e o tempo... - interrompeu-se. Pareceu subitamente lembrar algo importante - Vamos, você tem que ver o Conde. Já perdemos muito tempo.

O homem saiu apressado pelo corredor estreito, tomando a direção esquerda, onde da visão da entrada do quarto era possível ver uma porta aberta em direção à rua.

Sem nenhuma outra palavra, o homem passou pela porta e saiu da casa. Virando-se de frente, encarou Tadashi, o esperando.

"Então... Você pode me dizer o que está acontecendo por aqui? O que houve com todos dessa cidade?"

Enquanto o homem guiava e andava rapidamente para fora daquela ruela e em direção a rua central da vila, pareceu refletir sobre a pergunta breves momentos. Talvez estivesse tentando em sua cabeça resumir a história, ou escolher as melhores palavras. Por fim, respondeu lentamente:

- Então... Vou lhe explicar, mas por favor, escute atentamente. Não posso repetir - sua voz decresceu tanto que mais um pouco se tornaria um sussurro. Diminuiu o passo para Tadashi não ter nenhum problema para escutá-lo - A mãe do Conde Augustus é uma senhora muito... Er... "Dura". Se eu fosse explicar melhor seria sabe, nada... Nada que uma mãe devia ser. Não é carinhosa, não é nada, só é seca e furiosa. Parece que odeia ele, e ele tenta de tudo para agradá-la. Isso inclui vários presentes, várias terras, muito dinheiro...

O homem olhou para o céu azul e suspirou um momento.

- Mas não adianta nada. Ela aceita os presentes porque acha que é obrigação do filho dar. Não agradece, não parece contente. E quando não recebe ela enlouquece... E a ira dela cai em todos nós - o desconforto na voz era palpável.

Começando a caminhar mais rapidamente, o homem estava chegando muito próximo da ponte.

- Ela é maga, assim como o Conde. Ela não mora aqui na vila, mas vem visitar uma vez por ano. Todo ano recebe um presente do filho. E na única vez que ela não recebeu... Que foi ano passado...

O homem parou subitamente e virou para Tadashi. Seus olhos não revelavam nada.

- Nós não fazemos barulho por medo. Ela botou uma praga nessa cidade de monstros que nos perseguem caso fazemos muito ruído. É um modo de ela calar a gente que nem ela faz com o filho, o controlando...

E assim, estavam praticamente perto da ponte. Parecendo perdido em pensamentos, o homem calou-se.

Continuavam a andar, nesse momento já ultrapassando a ponte.

"- Nossa, mas então... Ela deve ser uma maga poderosa, pra ser capaz de fazer algo assim.." ouvindo isso o homem olhou brevemente para Tadashi, sorrindo então com escárnio. Em seu rosto estava escrito "não imagina quanto".

A respeito da pergunta da localização do Conde, o homem deu de ombros brevemente.

- A casa dele é a única mansão daqui da vila, é só passar a ponte que chegaremos. Veja, já da pra v...

O homem apontava para um pouco mais a frente, o rosto focado nessa direção. Realmente, podia já ser vista uma casa de madeira escura e de dois andares, esta no meio de uma clareira com árvores altas a cercando. Nada das ruelas esquisitos da vila atrás.

Entretanto, no meio de sua frase, o homem foi interrompido. Um som alto parecido com um latido irrompeu no silêncio geral da planície, e uma alguma coisa peluda lembrando um cachorro grande vinha correndo na direção do homem e de Tadashi.

Com olhos vermelhos brilhantes, o bicho passou pela ponte em breves segundos, seus passos ganhando rapidez e não parecendo querer diminuir em momento nenhum.