[Magnólia, 13h03, 21 graus]

Akise Choi naquele começo de tarde dirigiu-se para a guilda Fairy Tail para escolher uma missão. Após ponderar as opções, interessou-se numa de teor esotérico. Obstinado, retirou-se do local com o intuito de imediatamente colocar-se em direção à tal loja pedinte.

Para sua sorte, a loja mostrou-se surpreendentemente perto, estranhamente até demais para o mago nunca ter ouvido falar na mesma. De qualquer jeito, prostrou-se para dentro.

A loja emitia desde fora o inconfundível cheiro de incenso, é claro. Para aqueles amantes da fragrância seria um deleite tantos cheiros misturados, e para os odiadores nem precisa falar que seria um pesadelo. O local não era nem apertado nem muito extenso, suficientemente grande para armazenar duas grandes prateleiras de cada lado da loja quadrada, o balcão de pedidos no extremo oposto da entrada, revelando atrás dele uma portinha para o provável estoque.

As prateleiras estavam cheias não só das compridas e pequenas caixinhas de incenso, mas também de pedras preciosas, baralhos, itens decorativos e muitas outras coisas. As paredes, o teto e até mesmo o chão eram todos feitos de madeira, mas apenas o assoalho era lustrado.

O ambiente, em geral, era muito aconchegante. O único problema poderia ser talvez a falta de janelas.

De primeira vista, o balcão de atendimento estava vazio, e a porta atrás dele fechada. Havia mais duas pessoas na loja, possíveis compradores.

Tomando uma decisão, Akise decidiu ir atrás do automóvel. O som desse provinha quase do fim da rua do lado direito, uma charrete preta lustrosa já podendo ser vista enquanto Akise tomava sua direção.

Quando o automóvel já estava suficientemente perto de Akise e também dos demais pedestres, esse parou. Dentro havia um senhor de cabelos brancos e trajes coloridos, brilhantes e finos; parecendo extremamente emputecido e chocado enquanto observava a cena das pessoas hipnotizadas.

Quando enfim notou Akise, seu olhar transformou-se para surpresa e imediatamente o homem jogou para cima do garoto um lenço de seda azul, ao mesmo tempo que o velho cobria seu nariz e boca com outro pano da mesma cor.

- Cubra seu nariz com isso, filho - a voz grossa estava abafada através do tecido - O que quer que seja esse cheiro não transpassa esse pano mágico.

Um segundo depois, o olhar do velho trazia um misto de curiosidade e desconfiança.

- Como você não foi afetado? - indagou.

Que meio de transporte esquisito, pensei, chegando perto da charrete, tendo meu raciocínio interrompido por um pano azul sendo jogado na minha cara. O velho disse que era um pano mágico e que eu deveria colocá-lo no meu nariz. Obedeci. Mesmo ainda ofegante da corrida até a charrete, seria bom prevenir.

O homem perguntou como foi não fui afetado. Prendi a respiração o máximo que consegui até aqui, respondi. E você, estava passando por lá? Viu alguém suspeito que possa ter liberado o fedor?, indaguei em retorno.

O velho estava visivelmente aliviado pela resposta de Akise.

- Ainda bem que foi honesto ao falar que respondeu a respiração - estava de olhos fechados, parecendo pensativo - Pois se não tivesse sido afetado por qualquer outra desculpa não poderia confiar em você... Afinal pessoas normais e magos são ambas afetadas.

O velho abriu um sorriso gentil ao mago.

- Não vi ninguém filho - respondeu às outras questões - Bem queria ter visto. Essa palhaçada de incenso está afetado meu negócio! - raiva transpassou seu rosto, depois desanuviou. Pareceu envergonhado - Desculpe, acho que não tem interesse nessa história. Bem, preciso voltar até minha loja. Se cuide. É melhor ficar longe dessa rua por enquanto.

E partiu em direção à loja de incenso.

Após meus questionamentos ao velho, conversei brevemente com ele. Como fui tolo ao suspeitar do próprio dono da loja, pensei. Após isso, ele seguiu seu caminho de volta à loja.
Agora, eu fui deixado com ainda mais perguntas do que respostas. Minha dúvida crescente só aumentava: deveria eu seguir a direção a que o vento trouxe o maldito perfume (já me estressava), ou ficar pelas redondezas, observando alguma ação suspeita? Ou contar com o destino para que este me enviasse um sinal? O velho me aconselhou a ficar longe dessa rua, será que devo deixar isso quieto? Mas não queria deixar a missão inconcluída. Que cacete, divaguei.
Amassei o pano azul que me fora dado, enfiei em minha mochila e segui a ponderar, enquanto observava a loja de incensos a uma distância.

Perdido em pensamentos conflitantes e até mesmo desejando graça divina para descobrir o que diabos devia fazer, Akise estava tão entretido devaneando que não notou na figura risonha de Monike o encarando do lado de fora da loja.

- Com dúvidas, eh? - ela riu brevemente - Muito esperto... - começou a se aproximar lentamente - deixando todo mundo abandonado enquanto ia fugindo... - olhou rapidamente para os pedestres.

Como o cheiro havia passado, todos eles acordaram do transe e pode-se dizer que até rapidamente se recuperaram. Menos as crianças, é claro. Ainda choravam pela briga. O resto das pessoas haviam saído da rua já.

- ... Mas notei que falou com meu pai - Monike estava muito próxima já. Seus lábios escuros subiram num sorriso que parecia esconder muita coisa - Que tal entrar de novo? Daí podemos discutir do caso, mago.

Sendo tirado de meu transe autoinduzido por Monike - que mal vi se aproximando -, converso com ela e a mesma revela que o velho com quem conversei era seu pai. Não reparei nenhuma semelhança, divago. Então, ela sugere que voltemos à loja para discutirmos o que acontecera, e assim fizemos.

Ao entrarmos novamente no estabelecimento, pensava em como a única finalidade desses ataques era diminuir a concorrência causada pela loja esotérica, pois não havia outras consequências, além, obviamente, da falta de clientela.

Então, eu inicio o debate com Monike - Vocês são o único estabelecimento que vendem coisas do tipo por aqui? Ou há algum concorrente por perto? Aliás, para onde seu pai foi com tanta pressa? Não tive tempo de perguntá-lo. Percebo que me exasperei ao fazer tantas perguntas, mas eram várias a serem feitas e eu não sabia por onde começar.

"Vocês são o único estabelecimento que vendem coisas do tipo por aqui? Ou há algum concorrente por perto? Aliás, para onde seu pai foi com tanta pressa? Não tive tempo de perguntá-lo."

Arqueando as sobrancelhas pela enxurrada de perguntas, Monike pareceu se divertir enquanto tomava lugar atrás do balcão, sentando-se em qualquer coisa que tivesse lá.

- Único estabelecimento? - ela sorriu maldosamente - Definitivamente não. Mas somos os mais famosos. Sobre concorrente... - claramente estava fingindo pensar - Temos sim. Mas para ser sincera, não vejo problemas com concorrência. A loja mais próxima é de um amigo de meu pai, e os itens que eles tem a gente não tem, e o contrário também. É meio que uma um apoio, entende?

Pegando uma lixa dentro de uma das gavetas, Monike começou imediatamente a lixar suas unhas.

- Sobre meu pai, ele fica nervoso com esse negócio do incenso. Acha que vai pirar se respirar por algum engano. Por isso entrou logo. Deve tar tendo uma crise de ansiedade lá dentro! - apontou brevemente para a porta atrás de si.

Então Monike encarou Akise. Seu sorriso pareceu se espalhar pelo rosto todo, os olhos brilhantes.

- Como não parece que ele vai te dar novas informações tão cedo, pode deixar que eu vou! - parecia encantada em assumir o controle da situação - Na verdade, botamos a missão porque achamos que caso estivéssemos lidando com magos não poderíamos fazer nada pois, obviamente, eu e meu pai não temos magia. Entretanto! - bateu com força na mesa para exaltar - Eu fiz já uma pré pesquisa. Não ia ficar parada enquanto um porra ou uma porra tentam destruir nosso comércio!

Parecendo sofrer para levantar algo, Monike trouxe de debaixo da mesa um grosso livro de couro muito velho. Jogando na mesa, o que causou um estrondo notável, a mulher abriu-o rapidamente.

- Tenho três pesquisas e três suposições. Uma é de um antigo comprador nosso, outro de uma comerciante que nos vendia suprimentos e misteriosamente parou de repente, e o último de uma antiga namorada do meu pai que eu aposto que seria capaz de querer ferrar a vida dele. Qual quer começar?

Assim como desferi uma enxurrada de perguntas, recebi uma enxurrada de respostas. Monike, entre as várias respostas, soltava informações que eu não tinha conhecimento. Mais útil que o pai, pensei, contendo a breve irritação com o velho. Logo quando afastei esse pensamento, a mulher tira um livro contendo as pesquisas e suposições sobre quem é o responsável por prejudicar o comércio de seu pai. Bem, não tem como negar que ela é mesmo, pensei novamente.

Após as explicações, ela me apresentou as três suposições e pediu que eu escolhesse uma para investigar com afinco. Entre o comprador, a comerciante e a ex-namorada... Escolho a ex. Adoro uma baixaria, respondo Monike em meio a um sorriso de canto de boca. Aliás, você sabe mais sobre ela? Ela é maga ou...? E onde posso encontrá-la?. Empanturro-a de perguntas novamente, tomara que ela já tenha se acostumado.